Ansiedade pré-Enem: causas, impactos e estratégias para apoiar seus alunos

Faltando poucos meses para o Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, milhares de estudantes em todo o Brasil enfrentam não apenas a pressão dos estudos, mas também uma carga emocional significativa. A ansiedade, quando em níveis elevados, pode comprometer a concentração, a memória e o raciocínio lógico, impactando diretamente o desempenho acadêmico. Mais do que um problema individual, trata-se de uma questão coletiva que exige atenção das escolas, famílias e gestores educacionais.

 

O estudo da UFDPar

Uma pesquisa recente, desenvolvida em 2024 pelo estudante de psicologia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Tallys Natan Feitosa Lira, e orientada pelo Prof. Dr. Ricardo Neves Couto, investigou a ansiedade de jovens que se preparavam para o Enem. O estudo utilizou instrumentos como o Inventário de Ansiedade frente a Testes (CTAS) e a Escala de Autoestima de Rosenberg, aplicados em alunos da 3ª série do Ensino Médio de escolas públicas.

A análise revelou que a ansiedade frente às avaliações está associada não apenas à pressão do exame em si, mas também a fatores subjetivos, como autoestima, percepção de apoio familiar e expectativas em relação ao futuro. Esse olhar evidencia que o desempenho no Enem não depende apenas do conhecimento acumulado, mas também do equilíbrio emocional dos estudantes.

 

Principais resultados da pesquisa

Os achados da pesquisa permitem destacar pontos que merecem atenção especial das escolas:

  • Autoestima e desempenho: estudantes com baixa autoestima apresentaram níveis mais elevados de ansiedade, o que afetou diretamente a confiança para enfrentar o exame.
  • Pressão familiar: em muitos casos, o excesso de expectativas dos pais gerou sobrecarga emocional, intensificando o medo de fracassar.
  • Questões de gênero: alunas do sexo feminino relataram níveis de ansiedade mais altos, reforçando a necessidade de atenção diferenciada.
  • Medo do futuro: a incerteza em relação à aprovação e à vida acadêmica pós-Enem surgiu como um dos principais fatores de angústia.

Esses resultados confirmam que preparar os jovens para grandes avaliações envolve também um olhar atento para a dimensão emocional e social da aprendizagem.

 

O que isso significa para educadores

Para gestores e professores, os dados trazem um alerta importante: não basta oferecer conteúdo e treino de provas, é preciso cuidar da saúde emocional dos estudantes. A ansiedade excessiva pode reduzir drasticamente o rendimento, mesmo de alunos bem preparados. Cabe às escolas assumir o papel de mediadoras, criando ambientes de segurança, acolhimento e orientação.

 

5 estratégias práticas para reduzir a ansiedade

A partir das evidências da pesquisa e de boas práticas pedagógicas, destacamos cinco caminhos para que escolas e gestores possam ajudar seus alunos a lidar melhor com esse desafio:

  1. Aplicar simulados em condições reais – simulados regulares ajudam a reduzir a sensação de novidade e tornam a experiência mais previsível.
  2. Oferecer espaços de escuta qualificada – rodas de conversas, grupos de apoio e até parcerias com profissionais de psicologia escolar fortalecem a saúde mental.
  3. Promover hábitos saudáveis – incentivar rotinas de sono adequado, prática esportiva e alimentação equilibrada faz parte da preparação.
  4. Dialogar com as famílias – orientar pais e responsáveis a reduzir a pressão e apoiar de forma mais construtiva o estudante.
  5. Valorizar o esforço, não apenas o resultado – reconhecer avanços individuais ajuda a reduzir o medo de fracassar e a aumentar a confiança.

 

Por um desenvolvimento integral

Mais do que um obstáculo a ser superado, a ansiedade pré-Enem é um sinal de alerta sobre como estamos preparando os jovens para lidar com a pressão em situações como essa. Os dados da pesquisa da UFDPar mostram que autoestima, apoio familiar e expectativas em relação ao futuro se entrelaçam de forma decisiva no desempenho acadêmico.

Se queremos que nossos alunos avancem não apenas no conhecimento, mas também na forma como lidam com desafios, precisamos integrar de forma sistemática a dimensão emocional ao planejamento pedagógico. Esse quadro convida gestores e educadores a irem além da transmissão de conteúdos e a enxergarem o cuidado emocional como parte essencial do processo de aprendizagem. 

Uma escola que organiza seus esforços para reduzir a ansiedade dos alunos não está apenas preparando para o Enem, mas formando indivíduos mais autônomos, equilibrados e capazes de enfrentar as incertezas da vida acadêmica e profissional. Apoiar os estudantes nesse momento é reafirmar o compromisso da educação com o desenvolvimento integral, unindo conhecimento, bem-estar e projeto de vida.

Quer se aprofundar no assunto? Confira o vídeo completo no canal do YouTube Radar do Educador:

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