Criança Alfabetizada: avanços, desafios e o papel das escolas no futuro da educação básica

Introdução

A alfabetização é a base de toda a trajetória escolar e, por isso, seus resultados têm impacto direto sobre a aprendizagem ao longo da vida. Em julho de 2025, o Ministério da Educação (MEC) divulgou os novos dados do Indicador Criança Alfabetizada, que mede a proporção de estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental que alcançaram os níveis mínimos de leitura e escrita.

Os números mostram uma melhora: o Brasil avançou de 56% em 2023 para 59,2% em 2024, sinalizando progresso, mas ainda aquém da meta nacional de 60%. O dado revela tanto os esforços coletivos de estados e municípios quanto os enormes desafios que permanecem para garantir que todas as crianças aprendam a ler e escrever na idade certa.

 

O Compromisso Criança Alfabetizada

Lançado em 2023, o Compromisso Criança Alfabetizada é uma política nacional que busca unir esforços de União, estados e municípios em torno de uma mesma prioridade: alfabetizar todas as crianças até o final do 2º ano do Ensino Fundamental, o que geralmente ocorre entre os 7 e 8 anos de idade.

O programa se apoia em cinco pilares fundamentais:

  1. Gestão e governança da política de alfabetização – apoio técnico e articulação federativa.

  2. Formação de profissionais da educação – capacitação para práticas eficazes de alfabetização.

  3. Infraestrutura física e pedagógica – garantia de materiais e condições adequadas de ensino.

  4. Implementação de sistemas de avaliação – monitoramento por meio de instrumentos padronizados como o Saeb.

  5. Compartilhamento de boas práticas – disseminação de experiências de sucesso já implementadas em redes de ensino.

Entre 2023 e 2024, o MEC destinou recursos significativos para apoiar o programa e prevê novos investimentos até 2026, reforçando o compromisso de transformar a alfabetização em prioridade nacional.

 

O indicador e como ele é medido

O Indicador Criança Alfabetizada utiliza os resultados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) ou avaliações estaduais equivalentes para medir a proporção de alunos alfabetizados no 2º ano do Ensino Fundamental.

Na escala do Saeb, é considerado alfabetizado o estudante que alcança ou supera 743 pontos, patamar que indica domínio de habilidades essenciais, como:

  • Ler palavras, frases e textos curtos.

  • Localizar informações explícitas em textos curtos de até seis linhas, como bilhetes, crônicas e fragmentos de contos.

  • Inferir informações em textos que articulam linguagem verbal e não verbal, como tirinhas e cartazes.

  • Escrever ortograficamente palavras com regularidades diretas entre fonemas e letras.

  • Escrever textos que circulam na vida cotidiana, ainda que contenham desvios ortográficos ou de segmentação.

Esse padrão de referência permite que o país acompanhe a evolução da alfabetização de forma comparável e confiável ao longo dos anos.

 

Resultados de 2024 e desafios futuros

O avanço de 56% para 59,2% em apenas um ano mostra que o Brasil está caminhando, mas ainda em ritmo insuficiente. A meta de 60% estabelecida para 2024 não foi atingida, e os próximos anos trarão desafios ainda maiores: até 2030, o objetivo é chegar a 80% das crianças alfabetizadas na idade certa.

As desigualdades regionais seguem sendo o maior entrave. Entre os estados com melhores resultados estão:

  • Ceará – 85,3%

  • Goiás – 72,7%

  • Minas Gerais – 72,1%

Em contrapartida, outras regiões enfrentam índices preocupantes:

  • Amapá – 46,6%

  • Bahia – 36%

Essas diferenças reforçam a urgência de fortalecer práticas pedagógicas específicas para a alfabetização e garantir equidade na distribuição de recursos entre estados e municípios, evitando que algumas regiões fiquem prejudicadas.

 

Impactos e oportunidades também para escolas privadas

Embora o programa tenha como foco principal a rede pública, as escolas privadas também podem se beneficiar desse movimento nacional. O acesso às matrizes, referenciais e materiais elaborados no âmbito do Compromisso amplia a possibilidade de  diagnósticos mais precisos e o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas.

Mais do que isso, o debate público sobre alfabetização consolida um avanço para toda a educação brasileira: reforça a importância de avaliar com base em dados confiáveis e indicadores bem estruturados, garantindo que a qualidade do ensino seja acompanhada de forma transparente e comparável em todas as redes.

 

Um olhar além dos números

O avanço para 59,2% de crianças alfabetizadas é motivo de reconhecimento, mas também de reflexão. Alfabetizar não é apenas alcançar uma meta numérica: trata-se de abrir portas para todas as aprendizagens futuras.

Gestores escolares, professores e famílias precisam enxergar os dados como bússola para o planejamento pedagógico, ajustando rotas sempre que necessário. A experiência de estados que já alcançaram patamares elevados mostra que é possível avançar quando há gestão eficiente, formação de qualidade e monitoramento constante.

O Brasil deu um passo importante, mas a caminhada ainda é longa. E o papel das escolas, públicas e privadas, será decisivo para transformar estatísticas em realidades de aprendizagem.

Para finalizar, deixamos uma reflexão para você, educador: 

  • Como a sua escola está utilizando as informações e os indicadores a respeito da alfabetização dos seus alunos?

  • Quais estratégias você já tem implementadas para fortalecer a avaliação da alfabetização desde os Anos Iniciais?

O desafio da alfabetização deve ser uma prioridade real, diária e consistente dentro de cada escola.

Quer se aprofundar no assunto? Confira o vídeo completo no Canal Radar do Educador:

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