SiSU 2026: o que muda e como preparar seus alunos para as novas regras

Mudanças que alteram o cenário de ingresso no ensino superior

O Ministério da Educação publicou em outubro de 2025 a Portaria nº 704, que redefine pontos fundamentais do funcionamento do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Entre as novidades mais comentadas está a possibilidade de uso das notas do Enem de até três edições anteriores para a inscrição no processo seletivo.

Mas o que isso muda na prática? Como essas alterações afetam os alunos e o trabalho de preparação nas escolas? E, principalmente, como gestores e coordenadores pedagógicos devem se posicionar diante desse novo cenário?

Este artigo não apenas apresenta as mudanças oficiais, mas também propõe reflexões sobre os impactos pedagógicos e estratégicos dessas decisões, oferecendo caminhos concretos para que as escolas orientem seus estudantes com clareza e responsabilidade.

 

As principais mudanças da Portaria nº 704/2025

A Portaria traz mudanças estruturais no processo seletivo, alterando documentos anteriores que dispunham sobre o uso da nota do Enem para obtenção de vagas em instituições federais. O trecho mais relevante da normativa estabelece:

“Para fins do disposto no §1º, serão consideradas as três últimas edições do Enem imediatamente anteriores ao processo seletivo do Sisu, devendo ser utilizada, para fins de inscrição, classificação e eventual seleção em suas opções de curso, a edição em que o estudante obtenha a melhor média ponderada.”

Na prática, isso significa que, a partir de 2026, o estudante poderá concorrer a uma vaga no SiSU usando sua melhor nota obtida em qualquer uma das três edições anteriores do Enem. Ou seja: se ele fez o Enem em 2023, 2024 e 2025, o sistema utilizará automaticamente a melhor dessas notas para o cálculo da classificação, considerando os pesos específicos de cada curso escolhido.

Observação importante: As edições do Enem que o candidato realizou como treineiro não serão contabilizadas pelo sistema. As edições consideradas são aquelas em que o candidato participou a partir do ano em que concluiu o Ensino Médio.

Essa mudança amplia o leque de oportunidades, especialmente para quem tenta mais de uma vez o ingresso no ensino superior. Mas também traz novas questões que precisam ser observadas e endereçadas pelas escolas.

 

Redistribuição de vagas remanescentes

Outro ponto importante que aparece na Portaria está no anexo ao documento, que redefine a destinação de vagas não preenchidas na chamada regular e na lista de espera. Agora, essas vagas devem ser destinadas prioritariamente a grupos específicos, seguindo uma ordem estabelecida que prioriza as políticas de ações afirmativas.

Entre os grupos beneficiados estão:

  • Estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta inferior a um salário mínimo per capita
  • Candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas
  • Pessoas com deficiência

Essa mudança reforça o compromisso com a diversidade e a democratização do acesso ao ensino superior, garantindo que as vagas reservadas sejam devidamente ocupadas antes de serem oferecidas à ampla concorrência.

Consulte a Portaria completa: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-mec-n-704-de-17-de-outubro-de-2025-663430986

 

Reflexões sobre os impactos práticos

Agora que entendemos as mudanças oficiais, é fundamental fazer uma pausa para refletir sobre o que isso significa na prática escolar.

  1. Impacto direto na preparação dos alunos

Com três edições válidas do Enem, é provável que vejamos um número ainda maior de inscrições no SiSU e, consequentemente, um possível aumento nas notas de corte. Mas até que ponto esse efeito vai se confirmar? Essa é uma pergunta que ainda não tem resposta definitiva, mas que deve estar no radar de quem orienta estudantes.

  1. Questões operacionais que geram dúvidas

Algumas perguntas já começaram a surgir entre educadores comprometidos com o sucesso de seus alunos:

  • O sistema será capaz de escolher automaticamente a melhor nota de cada candidato, considerando os diferentes pesos de cada curso e universidade?
  • É justo comparar um aluno que fez três edições do Enem (e portanto tem três possibilidades de uso e combinação de notas) com outro que está participando pela primeira vez, com apenas uma chance válida?
  • Como isso afetará a concorrência real em cursos extremamente disputados?

Mesmo sem respostas, essas questões são fundamentais para que gestores e coordenadores entendam o novo cenário e orientem seus alunos com responsabilidade e clareza.

  1. Desigualdade de oportunidades pode se ampliar

Estudantes que tiveram condições de fazer três edições consecutivas do Enem terão, estatisticamente, mais chances de obter uma nota alta em pelo menos uma delas. Já aqueles que participaram apenas da edição mais recente podem estar em desvantagem numérica. Esse é um ponto que merece atenção das escolas, especialmente no trabalho de orientação vocacional e planejamento de longo prazo.

 

O papel da escola como fonte de informação estratégica

O SiSU 2026 exigirá que os estudantes compreendam melhor as regras, os pesos atribuídos por cada curso, as combinações possíveis de notas e as novas oportunidades de aproveitamento de edições anteriores.

Agora que os alunos acabaram de fazer o Enem 2025, este pode ser o momento ideal para as escolas promoverem ações concretas de orientação:

  1. Realize oficinas informativas sobre as novas regras

Organize encontros com as suas turmas para explicar detalhadamente como funcionará o SiSU 2026. Muitos estudantes ainda não compreenderam as mudanças ou suas implicações práticas.

  1. Promova plantões de dúvidas sobre estratégias de inscrição

Disponibilize momentos em que coordenadores, orientadores educacionais ou professores possam esclarecer dúvidas específicas sobre pesos de cursos, notas de corte e possibilidades de aproveitamento das três edições.

  1. Utilize ferramentas de simulação

O Mapa do SiSU da Evolucional é um simulador e já considera diferentes pesos e notas de corte por curso e região, permitindo que os estudantes testem cenários reais antes da inscrição oficial. Com a nova regra das três edições, essa ferramenta se torna ainda mais estratégica, pois ajuda o aluno a visualizar qual combinação de notas maximiza suas chances em cursos específicos.

  1. Promova rodas de conversa com ex-alunos

Convidar estudantes que já passaram pelo processo do SiSU para compartilhar experiências pode humanizar as informações e reduzir ansiedades. Eles podem trazer relatos práticos sobre erros comuns, estratégias que funcionaram e como lidar com a pressão da escolha.

  1. Integre essas informações ao planejamento pedagógico de 2026

Não trate as mudanças do SiSU como um tema pontual. Incorpore discussões sobre acesso ao ensino superior, projetos de vida e planejamento estratégico ao currículo regular, especialmente nas turmas do Ensino Médio.

 

Orientar é transformar informação em clareza

O SiSU 2026 representa um passo importante na modernização dos processos de ingresso no Ensino Superior. Mas cada avanço técnico vem acompanhado de novos desafios de interpretação e de preparo dos profissionais que irão orientar os estudantes.

E é aí que entra o papel do gestor escolar: traduzir essas informações em clareza e transformar a mudança em orientação.

Pergunte-se:

  • Como você vai preparar sua equipe para lidar com essas novas regras?
  • Seus alunos já sabem que poderão usar as notas de até três edições diferentes do Enem?
  • E mais importante: eles sabem como isso impacta as estratégias de estudo e de inscrição no SiSU?

Essas são perguntas que merecem espaço nas próximas reuniões pedagógicas, nas rodas de conversa com professores e nos encontros com as famílias. Orientar os alunos não é apenas mostrar caminhos, mas também ensinar a construir novas rotas.

Quer se aprofundar no assunto? Confira o vídeo completo no Canal Radar do Educador:

A Evolucional oferece ferramentas exclusivas como o Radar Enem e o Mapa do SiSU para apoiar sua escola na orientação estratégica dos estudantes. Quer saber como podemos ajudar? Fale com a gente.

 

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