O Exame Nacional do Ensino Médio é aplicado há mais de duas décadas no país, tradicionalmente de forma presencial. Porém, em 2021 alguns alunos realizaram o Enem digital.
Até 2026 o planejamento é de que o exame seja aplicado essencialmente na versão digital. Isso porque o exame tradicional em papel envolve uma grande operação, que engloba uma complexa logística e altos custos para sua realização.
Em maio e dezembro de 2020, a Evolucional realizou lives onde entrevistou o presidente do Inep na época e o coordenador geral de exames para a certificação do instituto. Dessas conversas, selecionamos algumas perguntas relativas ao exame digital que você pode conferir abaixo.
Por que surgiu a opção do Enem Digital?
A conversão de 100% do exame para o formato digital no futuro talvez não seja possível devido à necessidade da manutenção de algumas aplicações específicas em papel, como em presídios e unidades socioeducativas.
Mas, a ideia é que, pelo menos, o Enem de ampla concorrência migre para o formato digital e, migração essa que conseguirá eliminar um “gargalo” histórico, gerado pela necessidade de milhões de alunos de todo o país realizarem a prova de forma concentrada, em um único dia (ou dois).
Com o formato digital, é possível aumentar o número de aplicações ao longo do ano e aumentar o número de municípios em que a prova acontece, pois a logística de distribuição é mais simples já que ela ocorre pela internet. Além disso, a pressão sobre os estudantes será diminuída, pelo fato de existirem mais datas disponíveis para a realização do exame..
Outro ponto importante a se destacar e que constitui um ganho em relação à prova em papel, é que o formato digital permitirá a construção de provas adaptativas.
Em linhas gerais, isso significa que a medida que o estudante faça as questões da prova, o sistema entenderá a sua proficiência em tempo real e oferecerá questões adequadas ao seu nível. Assim, será possível calcular a proficiência dos alunos com maior precisão e com um número muito menor de questões resolvidas.
O que esperar do Enem digital?
De acordo com o Inep, órgão do MEC responsável pela elaboração e aplicação do Enem, toda a estrutura que foi preparada para o Enem digital possui a mesma qualidade do Enem regular (em papel).
O projeto do Enem digital teve início já em anos anteriores, ou seja, antes do anúncio oficial feito no início de de 2020. O primeiro teste dessa modalidade foi realizado pelo Inep no ano de 2016, e desde então o Inep tem trabalhado para otimizar o sistema e solucionar problemas que possam surgir.
Como o Inep garante a comparabilidade da prova digital com a prova em papel?
Muitos participantes questionam se a prova digital será mais fácil ou mais difícil que a prova em papel, ou como alguém que fez a prova digital poderá concorrer com quem está fez a prova regular.
Primeiramente é preciso entender que o Inep sempre faz mais de uma prova do Enem por ano. Existe uma versão regular da prova, que é aplicada geralmente para uma maioria que configura mais de 5 milhões de pessoas, mas também existe uma outra versão para a replicação. A comparabilidade entre as duas é garantida pela Teoria de Resposta ao Item (TRI), mesmo que tais provas tenham questões diferentes.
A TRI foi utilizada pela primeira vez no Enem de 2009, mas é aplicada no SAEB desde 2005 e já está bastante consolidada nas avaliações oficiais aplicadas pelo Inep no Brasil.
Para garantir a comparabilidade entre as diferentes versões do exame , houve um pré-teste, em que uma mesma versão da prova foi aplicada em papel e na plataforma digital.
Além de haver uma identificação socioeconômica dos participantes que o fizeram. Com isso o Inep conseguiu definir um conjunto de itens que têm o mesmo comportamento ou dificuldade, tanto no papel quanto no computador.
Como é feita a redação no modelo Enem digital?
No Enem digital, embora a proposta da redação seja apresentada na tela do computador, a escrita do texto é realizada em papel. O Inep conduziu estudos em relação à redação , no qual houve entrevistas com alunos, diretores de escolas e uma técnica de grupo focal, em que os alunos colocam as percepções em relação à prova.
Com esse teste, o Inep ainda não chegou a resultados conclusivos que assegurassem comparabilidade na migração da prova de redação para o formato em que o texto deve ser digitado diretamente no computador.
Devido a pandemia do novo Coronavírus e a suspensão das aulas presenciais, os estudos a respeito da digitação do texto da redação tiveram que ser suspensos. Por isso, a redação se manteve em papel, para que não houvesse prejuízo aos estudantes.
Assim que forem retomados os estudos, o Inep chegará a uma conclusão se a redação continuará sendo feita em papel, ou se também deverá ser entregue em formato digital.
O aluno pode levar suas respostas para casa?
A folha de respostas do Enem digital também é virtual. Para quem faz esse tipo de exame, é entregue uma folha de rascunho para redação, que também contém 90 espaços em branco para anotação das respostas escolhidas para as questões. O participante poderá levar essas anotações para casa faltando 30 minutos para o fim do exame.
Há uma folha de rascunho para o aluno fazer contas?
No segundo dia de prova, no qual são cobradas as matérias de matemática e ciências da natureza, o Inep entrega duas folhas de rascunho para que o aluno possa fazer seus cálculos.
E aí, conseguiu tirar suas dúvidas sobre o Enem digital? Continue acompanhando o blog da Evolucional para mais conteúdos sobre o exame.