IA e Educação, um caminho inevitável e necessário
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser apenas uma promessa distante para se tornar uma realidade cotidiana, impactando profundamente diversos setores, inclusive a educação. No entanto, professores, coordenadores e gestores escolares ainda enfrentam muitas dúvidas sobre como abordar a IA de forma crítica, ética e eficaz em suas instituições. O recente framework da OCDE sobre o Letramento em IA fornece uma base estruturada e abrangente que auxilia escolas a preparar estudantes para um futuro em que a IA é protagonista.
É muito importante que as equipes pedagógicas possam explorar em detalhes os quatro domínios de letramento em IA propostos pela OCDE e a partir deles, entender como podem aplicá-los na prática:
- Engajar-se com IA
- Criar com IA
- Gerenciar IA
- Projetar IA
Entendendo o letramento em IA
Segundo o documento da OCDE, o letramento em IA é definido como uma combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes que capacitam alunos e educadores a interagir com sistemas de IA de maneira crítica, consciente e ética. Não basta apenas utilizar a tecnologia, é preciso entender profundamente seus impactos e limitações.
O desenvolvimento desse letramento não é um tema adicional ou isolado, mas uma competência transversal que deve permear todas as disciplinas e níveis escolares. É um preparo para a cidadania digital, essencial em um mundo cada vez mais mediado por algoritmos.
O que gestores escolares precisam saber sobre o letramento em IA?
Segundo o relatório “How can we upskill Gen Z as fast as we train AI?”, 55% dos jovens da Geração Z aprendem sobre inteligência artificial por meio das redes sociais, enquanto apenas 12% indicam os professores como principal fonte de informação sobre o tema. Ainda mais preocupante, quase metade (49%) dos jovens não consegue identificar quando um sistema de IA está distorcendo ou inventando informações.
Esses dados demonstram um claro descompasso entre a realidade tecnológica vivida pelos alunos e o preparo oferecido pelas escolas. Sem uma intervenção educacional clara e intencional, corremos o risco de formar gerações vulneráveis à desinformação e incapazes de pensar criticamente sobre tecnologias que moldam suas vidas cotidianas. Por isso, gestores escolares precisam estar atentos sobre a importância e a urgência na implementaçãor do letramento em IA nas escolas para preparar cidadãos conscientes e responsáveis.
Os quatro domínios do letramento em IA
1. Engajar-se com a IA
O primeiro passo é reconhecer a presença da IA no cotidiano, algo que muitos estudantes já fazem sem perceber. Isso inclui desde algoritmos nas redes sociais até sistemas de recomendação de conteúdo. Este domínio enfatiza a importância de avaliar criticamente as informações produzidas por IA, reconhecendo quando elas podem estar distorcidas ou enviesadas.
Exemplos de práticas pedagógicas incluem atividades em que alunos verificam respostas dadas por chatbots ou comparam resoluções automáticas com aquelas realizadas manualmente, promovendo uma consciência crítica desde cedo.
2. Criar com IA
Este domínio desafia a ideia simplista de apenas usar IA para automatizar tarefas criativas. O objetivo é promover uma colaboração consciente, garantindo que a autoria e a intencionalidade sejam sempre humanas, e a IA seja uma parceira no processo criativo e não uma substituta intelectual.
Nas escolas, isso pode acontecer em atividades interdisciplinares, onde os estudantes utilizam IA para gerar ideias inovadoras, discutindo ética, originalidade e autoria. O foco está em potencializar, e não substituir, a capacidade criativa humana.
3. Gerenciar IA
Gerenciar IA envolve uma escolha consciente sobre quando e como usar essa tecnologia. Envolve formular comandos eficazes, avaliar resultados criticamente e decidir estrategicamente o papel da IA em tarefas escolares e pedagógicas, garantindo que seu uso esteja sempre alinhado aos objetivos educacionais da escola.
Os gestores escolares devem liderar a criação de protocolos claros para o uso de IA, promovendo a ética digital, evitando a dependência excessiva de automações e assegurando que as interações com IA estejam sempre subordinadas ao julgamento humano crítico.
4. Projetar IA
Este domínio aborda a compreensão técnica sobre como a IA funciona e como é moldada pelas decisões humanas. Os alunos aprendem sobre coleta e treinamento de dados, as limitações das tecnologias e os impactos éticos e sociais das decisões técnicas tomadas no desenvolvimento desses sistemas.
Gestores podem implementar práticas educativas em que alunos realizam experimentos simples para entender o funcionamento de algoritmos, discutindo aspectos éticos e inclusivos. Isso desenvolve uma visão crítica sobre as influências da IA na sociedade e promove maior responsabilidade cidadã.
Aplicando os domínios na prática escolar
Para implementar esses domínios nas escolas, é fundamental capacitar professores, alinhar práticas pedagógicas e desenvolver currículos que abordem essas competências de forma transversal e integrada.
A OCDE sugere atividades práticas, como usar chatbots para explorar questões históricas e matemáticas, ou mesmo analisar como algoritmos influenciam opiniões públicas sobre temas relevantes. São exemplos concretos que mostram como o letramento em IA pode e deve ser trabalhado em sala de aula.
IA e formação cidadã
O letramento em IA é muito mais do que ensinar a usar ferramentas tecnológicas. Trata-se de formar alunos capazes de pensar criticamente sobre as tecnologias, questionando seu funcionamento, ética e impacto social.
Gestores escolares têm papel fundamental em garantir que o desenvolvimento dessa consciência aconteça de maneira intencional, estruturada e profunda.
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