Avaliação: o Google Maps da educação

Uma visão de como devemos olhar para o papel das avaliações na jornada evolutiva de aprendizagem dos estudantes.

Analisar números e informações referentes ao processo pedagógico pode parecer complexo em um primeiro momento para educadores, no entanto, a análise de dados pode contribuir diretamente no processo de ensino e aprendizagem.

O papel do educador parece ser bem óbvio na comunidade escolar, mas o potencial que estes profissionais possuem frente a quantidade e diversidade de dados produzidos pela escola – principalmente nas avaliações – muitas vezes, é subestimado. E, é neste contexto que precisamos enxergar o verdadeiro propósito das avaliações: serem um ponto de partida para uma jornada de evolução.

Decisões estratégicas podem são definidas a partir deste instrumento, veja alguns exemplos:

  • Revisar assuntos em que uma turma apresentou baixo desempenho e, a partir disso, organizar o conteúdo que corresponda a uma lacuna identificada;
  • Alterar o planejamento ou currículo escolar;
  • Escolher atividades para grupos de estudantes específicos que apresentaram uma característica em comum como, por exemplo, a dificuldade em uma determinada aprendizagem;
  • Montar planos de estudos personalizados;
  • Analisar a prática de estudos dos estudantes e orientar novas formas de aprendizagem;
  • Embasar conversas com famílias para solicitar apoio e envolvimento.

Durante muito tempo a avaliação tem sido trabalhada apenas com o intuito de avaliar os estudantes ao final de um processo de aprendizagem. A proposta aqui é enxergá-la muito menos como uma atividade que apenas faz parte da rotina do ano letivo e muito mais como uma poderosa ferramenta diagnóstica capaz de fornecer dados que apontem de fato aonde queremos chegar.

O que é o Data-Driven Education?

Na tradução literal é a educação dirigida por dados. Mas, os dados por si só não possuem valor, precisamos analisá-los, segmentá-los e contextualizá-los, transformando-os em informação. E a escola, por sua vez, precisa ler e interpretar as informações advindas das avaliações para construírem os seus planos de ação pedagógicos baseados em dados.

Mas o que os sistemas GPS têm a ver com tudo isso?

Quando você utiliza um GPS, que pode ser o Waze, o Google Maps ou qualquer outro sistema parecido, você troca dados com um satélite e, durante todo o seu uso, está sendo avaliado. O GPS avalia a sua posição, te ajuda a visualizar rotas, encontrar locais e estabelecimentos, estimar tempo de viagem e distância além de fornecer informações sobre o trânsito. O ato de avaliar aqui não tem o intuito de dizer se você está certo ou errado, mas de te oferecer o melhor direcionamento, além, claro, de fornecer outras informações importantes sobre o seu trajeto, como alertas de perigos iminentes e limite de velocidade.

A avaliação é o GPS da educação e deveria ser usado da mesma maneira!

Comparamos a avaliação processual – que é feita pelo professor e aplicada de forma recorrente – com as informações dinâmicas que o GPS nos fornece (vire à esquerda ou  pegue a 3ª saída na rotatória, por exemplo). A avaliação processual tem a função  de avaliar o percurso do estudante, a  sua aprendizagem e checar se a sua trajetória está seguindo o planejado ou se algum desvio de rota foi identificado no caminho.

Já a avaliação externa é análoga às informações mais estratégicas fornecidas pelo GPS como a distância até o destino – que nos permitirá  avaliar, por exemplo, se o combustível do veículo será suficiente para completar a viagem. Repare que esta informação não é tão dinâmica quanto o passo a passo do trajeto, mas fornece dados importantes para que possamos  entender o quão distante estamos  do nosso objetivo. A avaliação externa opera da mesma forma. Ela nos mostra o quanto falta para chegarmos no objetivo e avalia se os recursos disponibilizados  para o aprendizado dos estudantes são suficientes. A partir das avaliações externas é possível obter relatórios de proficiência em relação às expectativas de aprendizagem para as turmas e verificar a evolução dos alunos em relação aos objetivos normativos oficiais como Enem, BNCC e Saeb.

A Avaliação PROCESSUAL avalia a APRENDIZAGEM dos alunos.

Precisa contemplar formatos diferentes: debates, jogos, pesquisas, apresentações, rubricas etc.

A Avaliação EXTERNA avalia a escola em relação aos documentos normativos e objetivos de aprendizagem (BNCC, Matriz do Enem, Saeb).

É um instrumento com recursos estatísticos que oferece indicadores robustos.

Veja que essas duas  abordagens em relação à avaliação são diferentes, porém complementares. Tanto o GPS, quanto as avaliações utilizadas nas escolas precisam desta complementaridade para garantirem uma experiência completa para o usuário. Assim como os usuários precisam se apropriar do funcionamento do sistema de um GPS para desfrutar de seus benefícios, as escolas precisam se apropriar dos dados das avaliações e traçar objetivos de uso para os mesmos. Desta forma, as avaliações  deixarão de ser parte apenas de uma rotina que se encerra em si mesma, e poderão  explorar toda a riqueza de dados que elas fornecem a favor da melhoria da aprendizagem dos alunos.

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